Era dia 8 de janeiro de 2016, uma sexta-feira. Acordei às duas da manhã (!) com o som de um SMS da Caixa Econômica Federal. Consegui dormir rapidamente, mas acordei de novo, desta vez com gritos de uma mulher na rua. Meu coração acelerou. Seria um assalto? Desta vez demorei um pouco mais para dormir, preocupada com o horário. Já faltava pouco para as 4h30, quando despertaria o relógio. Então sonhei. Um sonho que me fez acordar mais leve. O David Bowie estava na minha casa. Havia outras pessoas, mas não vi de verdade nenhuma delas, apenas ele era o foco do sonho. Me tocando que ele estava ali e ficaria por um tempo, perguntei se poderíamos depois tirar uma foto juntos, para eu guardar de lembrança. E ele disse que sim.
Estava alegre e com a aparência de 20 anos atrás. Falava algumas poucas palavras em português. Me pediu um papel e uma caneta para anotar algo. E eu não queria dar a ele qualquer papel, então fui procurar em minhas gavetas um bloquinho decente, bonito, para oferecer. Não tinha pressa, sabia que ele ainda ficaria ali por um bom tempo. Foi quando acordei, com uma sensação muito boa de tê-lo no meu sonho. Só mais tarde vi que era o aniversário dele, além de lembrar que era o dia do lançamento do álbum novo. Com certeza isso estava guardado no meu pré-consciente.
Passados três dias, veio a triste notícia de que ele havia morrido. (Quem dera fosse sonho...) Já estava lutando contra um câncer havia 18 meses. Não sabíamos. Muitos boatos diziam que ele estava doente, mas nada nunca foi confirmado. Desde 2004, quando se submeteu a uma cirurgia de coração, ele havia se afastado dos palcos. Voltou apenas para uma participação especial na hora do bis em um show de David Gilmour em 2006. Sua última aparição pública aconteceu no lançamento do musical Lazarus no início de dezembro de 2015. Ele co-escreveu a montagem e assinou a trilha sonora do espetáculo. Nas fotos divulgadas aparecia bem magro, mais do que o normal, mas ninguém fez referência à sua saúde, apenas aos “sinais de maturidade” apresentados por ele aos 68 anos à época.
Como
duvidar da energia de uma pessoa que comemorava 69 anos com o lançamento de um novo
álbum, só de inéditas, e que havia transformado num evento o lançamento de Blackstar
com um curta-metragem de dez minutos num cinema do Brooklyn? Bowie trabalhou
duro em sua ‘despedida’. E até é possível entender, agora, em parte, as novas
músicas, as imagens dos clipes.
No meu sonho não me despedi, ele continuava ali, no cômodo ao lado, vivo. E continua, a um esticar de dedos, imortal.
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