Não é a voz que canta, é o coração. Esta frase, dita por Elis e citada no show “Elis, 70 anos”, traduz perfeitamente a intérprete Elis Regina. A “Pimentinha” (apelido dado por Vinicius de Moraes por conta de seu gênio forte) cantava não só com o coração, mas também com a alma. Por isso é considerada uma das melhores cantoras brasileiras de todos os tempos. E as histórias contadas pelos amigos-compositores de Elis, mostram o quanto ela era séria com seu trabalho, ao exigir sempre qualidade de seus compositores. E fazia com que eles se tornassem ainda melhores.
Elis só aceitava gravar o que lhe tocava de verdade. E assumia a composição como dela. E convencia. As músicas cantadas por Elis pareciam lhe pertencer. Essa impressão (ou posso dizer essa verdade?) causada pela emoção transmitida na interpretação das canções, não deixava dúvida de que era mesmo o coração que cantava e não a voz.
O show “Elis, 70 anos” reuniu amigos de trajetória da cantora, grandes nomes da música nacional que ultrapassaram fronteiras. O primeiro a entrar em cena foi Fagner. João Bosco veio em seguida. Depois foi a vez de Renato Teixeira. Jair Oliveira representou o pai Jair Rodrigues. Na sequência, Ivan Lins. E Gilberto Gil encerrou a noite.
Alguns fizeram falta, como Milton Nascimento. Por problemas de agenda, informou o apresentador Luiz Carlos Miele, grande amigo de Elis. João Marcelo Bôscoli, idealizador do evento e filho de Elis, do casamento com Ronaldo Bôscoli, disse ter sido questionado sobre novas edições do show em homenagem à mãe e que não descarta a possibilidade, dependendo apenas da vontade do público. E certamente os fãs de Elis, os apreciadores da boa música e de bons músicos, querem mais, sempre mais. A música brasileira de qualidade sobrevive. Felizmente. Que venham mais homenagens desse quilate a Elis.
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