À primeira vista, parece improvável musicar poemas como os de Hilda Hilst.
Lendo-os, é difícil imaginá-los cantados.
Além disso, a melodia sempre dá um outro sentido às palavras, uma entonação diferente pode dizer outra coisa...
Mas Zeca Baleiro teve o acompanhamento e aprovação de Hilda Hilst para lançar o CD Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé – De Ariana para Dionísio.
Na verdade, a sugestão foi dela, após iniciativa do Zeca de mandar a Hilda seu primeiro álbum, Por Onde Andará Stephen Fry?.
Só agora fui conferir mais esse belo trabalho do maranhense ao ser presenteada com o CD.
Vlad, obrigada! =)
E o próprio Zeca conta, no vídeo abaixo, como conheceu Hilda Hilst.
A entrevista foi dada após um pocket show dele na Livraria Cultura Bourbon Shopping, SP, precedido por um debate durante o lançamento do livro Por que ler Hilda Hilst, do crítico Alcir Pécora.
O vídeo, da Livraria Cultura, termina com Zeca interpretando a Canção V.
Deleitante...
Minha Preferida:
Canção IV
Porque te amo
Deverias ao menos te deter
Um instante
Como as pessoas fazem
Quando vêem a petúnia
Ou a chuva de granizo.
Porque te amo
Deveria a teus olhos parecer
Uma outra Ariana
Não essa que te louva
A cada verso
Mas outra
Reverso de sua própria placidez
Escudo e crueldade a cada gesto.
Porque te amo, Dionísio,
é que me faço assim tão simultânea
Madura, adolescente
E por isso talvez
Te aborreças de mim.
Hilda Hilst
(1930-2004)
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